Não sei você, mas eu já me senti sozinha muitas vezes. Em alguns momentos, mesmo quando tinha pessoas à minha volta, eu me sentia sozinha.
Nessas idas e vindas da sensação e pensamento de solidão, uma vez, minha terapeuta me disse: “Você só se sente sozinha se estiver distante do seu coração”.
Naquela sessão, naquele momento, essa frase fez muito sentido e pude sentir, por alguns momentos, o sentimento de não me sentir sozinha. De pertencer a mim mesma.
E como os processos tem altos e baixos, idas e vindas, e o grande ensinamento é levar para a vida os aprendizados, fui viver!
E, apesar de saber que ter um sistema de apoio e pessoas com quem contar, é algo essencial no processo de caminhada e que eu registrar dentro de mim que isso é real e que isso também me mostra que não estou sozinha (outro dia escrevo sobre isso), eu sabia que era importante que eu aprendesse a não me sentir sozinha estando comigo mesma.
Já tinha um bom tempo que não me sentia dessa forma, mas me separei há pouco mais de 3 meses e nesse tempo tenho observado que em alguns momentos me conto que estou sozinha. Esse sentimento, aparece bem menos vezes e de forma bem menos intensa e duradoura (do que quando eu era jovem) e eu já consigo não embarcar neles por muito tempo e observar, sem fugir de mim, quando eles me atravessam.
E foi assim num outro dia que senti vontade de comer um espetinho e na hora de entrar no local, talvez pelo tipo de ambiente (não sei ao certo), percebi meu corpo um pouco travado e percebi o pensamento: “- você está sozinha, vai entrar ai sozinha?”
Pensei em desistir, mas falei comigo mesma: “Natália, está tudo bem, você está segura e pode fazer as coisas por você, aquilo que gosta e que você faria se estivesse acompanhada. Eu estou aqui com você”
Entrei, fiz o pedido e me sentei para esperar enquanto me permitia sentir o que eu estava sentindo, sem precisar reprimir ou desconsiderar meu sentimento, fingindo que ele não existia. Senti por uns instantes e ele passou.
Estou aprendendo a, quando me sinto sozinha, me perguntar: “- O que estou sentindo quando me sinto sozinha? O que mais está me fazendo falta?”
E com isso, vou aprendendo a não me distanciar mais de mim mesma. A cuidar do que eu preciso naquele momento para que essa re-aproximação aconteça. E depois que eu me ofereço isso, pode ser que, inclusive eu queira me conectar com alguma pessoa querida para reconfirmar que tenho apoio!
Depois de ler isso tudo, você pode estar se perguntando o que isso tem haver com fertilidade? O que tem haver com eu querer meu filho nos braços?
E te digo que tem tudo haver! Pois, apesar de parecer não ser um texto direto sobre fertilidade (mas indiretamente ter tudo haver, já que a fertilidade está intimamente relacionada com a conexão com a vida, com você e com seu sentir), esse texto fala sobre sentimentos que muitas mulheres me descrevem no consultório.
Que se sentem extremamente sozinhas, que preferem deixar de ir em lugares, pois as pessoas fazem perguntas ou comentários que machucam, que fazem com que vocês não se sintam compreendidas e apoiadas.
Então, por mais que o contexto externo seja outro, sei como é se sentir sozinha, e te falo: – “Você só se sente sozinha quando está longe de você.”
Então, se pergunte o que você está sentindo falta? e se ofereça isso!
Pois só você sabe do tamanho do seu sonho, e de tudo que você tem passado, e não tem nada de errado com você em cada escolha que você fez até aqui.
Só você sabe da quantidade de hormônios, das mudanças no corpo e nas emoções, do valor financeiro e do julgamento das pessoas pela quantidade de dinheiro gasta, ou pela sua opção em buscar uma FIV. Só você sabe de toda dor emocional vivida a cada mês, todo sentimento de impotência, tristeza, frustração e oscilação entre fé e medo do desapontamento.
Então, lembre-se, você não está sozinha e quando se sentir assim, quando a coisa apertar aí dentro, dê uma pausa, faça perguntas e escolha você!
E pode ser que, após esse processo de auto cuidado,você, inclusive, sinta vontade de estar com outras mulheres que estão passando por situações semelhantes, e nesse momento, o sistema de apoio pode ser muito bem vindo!
Aqui, não existe certo e errado… Existe aquilo que está vivo dentro de você, querendo ser visto e validado!
Espero que esse texto possa te ajudar nesses momentos a continuar a caminhar, não simplesmente para seguir andando, mas para resgatar a conexão com você e a confiança na vida e nos seus sonhos!
Com amor,
Natália Galastro